Pequena Odisséia dos cabelos vermelhos

>> quarta-feira, 29 de setembro de 2010


Homero que me perdoe, mas é assim que me sinto. Até porque sou exagerada, a rainha do drama e já são três décadas assim. Manter a beleza de melenas cacheadas e vermelhas, não é fácil. Os dois separados, por si só, já é algo complicado, imagina então tudo ao mesmo tempo, né? E no clima super louco aqui do Rio, a cousa só piora.

A gente já conversou sobre cabelo vermelho antes e sobre cabelos cacheados bem antes. Não chega a ser um diário virtual sobre meus cabelinhos, porque né, qual é a necessidade disso? Mas alguma coisa aqui e ali, porque a gente socializa, virtualmente, e divide os problemas besta 'melenísticos' assim como a possível resolução dos probleminhas. Ajudar é legal ♥.

Nunca fui muito afeita à mudanças radicais no que diz respeito aos cabelos. Talvez porque me cortaram os cachinhos quando eu era criança, à força (talvez por isso também tenho um mini pavor de salão de beleza) com a desculpa de que dava trabalho pra pentear. Mamães fazem falta, mas voltando.

Dai que, quando completei idade suficiente pra fazer uma cara bem feia, daquele tipo que assusta, só deixava acertar as pontas do meu cabelo no salão e ponto. O povo do meu bairro achava que eu era punk e que punk, assim como comunistas, na cabeça deles, poderiam arrancar a sua mão e comer no pãozinho do lanche da tarde. Apesar de que na época eu achava as duas caricaturas, o punk e o comunista, o máximo, eu não era nada disso.

Então, tenho mais ou menos a mesmo comprimento de cabelo fazem uns vinte anos, um pouco mais compridos, um pouco menos. Meu primeiro corte radical (depois de parte da infância e começo da adolescência usando cabelo curtinho, tipo de menino mesmo) foi antes de ser mãe, corte acima dos ombros em v. Foi um escândalo, as pessoas não me reconheciam. Muito tempo depois, deixei a mãe cabeleireira de uma amiga me presentear com dia de mulherzinha em seu salão. Na época achei super fofo, mas na verdade foi é engraçado. Depois conto.

Fora isso, meus cabelos sempre forma compridos, uma coisa Sônia Braga

A coloração é coisa recente. A primeira vez que meus cabelinhos viram tinta, foi de forma caseira. Nada de errado aconteceu, o que foi muito bom. Na verdade, praticamente nada aconteceu, apesar de ser justamente um tom vermelho, bem escuro. Mas vocês sabem que estas colorações que vendem nas Americanas e perfumarias da vida não te dão aquele resultado de propaganda. Eu tinha uma leve suspeita disso, porque não acredito em rótulos, nem os literais em os metafóricos, mas voltando, pude comprovar em casa que a caixinha do Imédia Excellence L'oréal só pode ser mais cara que todas as outras por causa dos douradinhos das letras, porque o efeito é a mesma pinóia. Também ajuda o fato de que cabelo escuro é o cão, um jumento empacado pra mudar de cor.

Coloração caseira, num tom de vermelho bem escuro (um tal de vermelho intenso, que vivem reeditando, só muda o nome) que pegou ao longe. No sol a gente via um reflexo vermelho, bem discreto. Como eu disse, cabelo preto é o cão.

Um certo dia criei coragem e fui até o Mulher Cheirosa, que é um salão de beleza super fofo lá de Fortaleza, super decidida a dar um passo além em se tratando de vermelhice. Decidi fazer mechas, ou seja, descolorir, e para meu espanto, deu muito certo e ninguém puxou meu cabelo, nem meteu a mão no meu pé d'ouvido, nem deixaram cair água nos meus olhos, ouvidos, ou pior, shampoo né, este tipo de coisa que as vezes eu acho que só acontece comigo.

Porém, por mais que eu tenha sido tratada que nem princesa no Mulher Cheirosa (recomendo) eu meio que fugia de uma certa fraquência canônica. Aconselhavam voltar após dois meses, o limite aceitável para retocar as mechas. Mas os meus dois meses se estendiam um pouco mais, dai eu mesma aplicava um tonalizante em casa, hidratava com Kerestàse ou Ox (amo as duas marcas) e meus cabelos sempre foram muito elogiados, pela vivacidade da cor e pela naturalidade e hidratação dos cachinhos. Me entendo muito que bem com eles.

Não estou dizendo para vocês fugirem do salão de beleza, só estou dizendo que há vida sem precisar ir a cada quinze dias (ou a cada semana) num salão. Mas isto depende da pessoa e de suas necessidades e vícios. Eu, por exemplo, fico muito mal humorada se passar mais de um mês sem uma coca-cola, um quindim e um sonho de valsa. Mas se acontecer, não é o suficiente pra me matar.

Em Fortaleza, os últimos anos, meu cabelinho e eu estávamos numa fase de amor e compreensão super salutar. Coloração e hidratações em dia, tanto em casa quanto no salão. Quase cheguei a criar esta relação super próxima e confidente que a maioria das pessoas relata que tem com seu cabeleireiro, manicure, depiladora, etcetera. Eu disse quase.

Ai a gente veio pro Rio e esculhambou tudo, em termos de manutenção. Os cachos, por incrível que pareça, ficaram mais bonitinhos. Talvez porque eu não os aliso, não os relaxo, não estiro, não espicho minhas melenas (nem escova!), evito ao máximo chuveiro elétrico, secador. O maior nível de quentura é um babyliss pra organizar as pontas. O certo é que alguma coisa nesta loucura de clima do Rio de Janeiro fez muito bem à naturalidade dos meus cachinhos, que estão ressecando menos, sinto até uma certa oleosidade, bem amênua que eu nunca tive na vida.


Quanto à coloração, que estava um tantinho desleixada por conta de toda a bagunça, a mudança, a casa nova, eu vivo me justificando mas tudo bem, agora acho que entrei nos eixos, de novo. Ainda não encontrei um salão de beleza fofo que nem a Mulher Cheirosa pra me sentir quase íntima, ainda passo por seções de mini afogamentos com água fria, L'Oréal Pro, Kerestàse, mas ao menos a cor fica bonita e meu cabelinho hidratado.


Depois eu volto pra mostrar a evolução dos meus vermelhos.

Bisous.

Imagem: Lile Cole para Sølve Sundsbø, é o mesmo fotógrafo daquele editorial fantasmagórico incrível.

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