Sebos e livrarias

>> quarta-feira, 26 de junho de 2013


Como já comentei várias vezes por aqui, sou rata - ou traça - de sebos faz muito tempo. Pelo menos desde o tempo em que comecei a chafurdar e freviar o Centro da minha antiga cidade, Fortaleza, em um espírito meio que flâneur, quando nem ao menos conhecia o termo sebo; para mim era lojinha de livros usados.

De maneira muito tímida, comecei a reconhecer as tais lojinhas de livros usados, vasculhar as pilhas de edições das mais variadas, todas misturadas, empoeiradas e organizadas a esmo. Minha rinite ficou super assanhada, até que desenvolvi alguma espécie de resistência que não me fazia morrer (muito). 

Primeiro eu passei pela experiência de estudar o local (ou locais), decorar a ordem do caos, os endereços, os nomes dos funcionários, do dono, do gato que se espreguiçava em cima dos montes de livros de anatomia e direito civil, sempre no fundo da loja. 

Passei muito tempo e descobri alguns tesouros, edições antigas, de nomes que eu havia anotado nos livros de Machado ou que algum professor ou letra de banda (tipo The Cure, sabe?) havia citado. Logo porque eu não tinha dinheiro, nem para comprar livro usado, então eu só podia era ficar por ali, no desejo de levar alguns daqueles amigos para casa. E esse dia chegou. E eu comprei primeiro um livrinho. Depois dois. Daí quatro. E hoje metade da mini biblioteca é certamente fruto de minhas visitas à sebos. 

E as livrarias tradicionais? Bem, minha primeira experiência em livrarias foi com aquele tipo de livraria/papelaria que vende material didático para escola. E a minha era a Livraria Educativa, também no centro de Fortaleza. Eu simplesmente adourava o perfume de papel e lápis de cor novos, fora o cheiro contagiante da impressão dos livros. É um dos perfumes que a felicidade usa.

Já crescida, bem crescida, fui apresentada por mim mesma à livrarias de livros, e tão somente livros, como a Livro Técnico e todas as suas maravilhosas prateleiras, especialmente a parte de livros importados: Madame Bovary ali, em francês, em minhas mãos. E eis que um dia a Siciliano (hoje Saraiva Mega Store, quase a mesma coisa) chegou à Fortaleza, com Café Santa Clara e uma infinidade de livros novos e estonteantes. O cheiro de café misturado a livros e perfumes alheios, sorrisos de canto de boca, olhos afundados em páginas pelas poltronas, sabe sonho? Pois então.

Nessa mesma época a gente aprendeu a comprar via internet. Sem emoção, confesso. Tudo bem, tem lá sua emoção, como comprar um monte de livrinhos queridos e desejados com descontos incríveis. Mas não é a mesma coisa de ir a uma livraria.

Quando cheguei ao Rio, um dia dei de cara com uma senhora chamada Livraria da Travessa. Ah, a Livraria da Travessa e todos os seus encantos, suas estantes de madeira escura recheadas de livros e mais livros caros e lindos, aquelas edições especiais, que aquecem o coração de tão lindos. E daí conheci a Fnac e todas as suas tentações. E a Cultura. Minha gente, a Cultura. 

Dicas.

Gente com melindres fique longe de sebos. Essa conversa da alergia sei lá das quantas, né? Eu tenho alergia, minha cara incha, espirro cem vezes, fora uma reação esdrúxula de sentir a boca arder e queimar. Pois é. Eu sou alérgica, muuito alérgica e frequento sebos há anos. Seja franco e admita que não gosta de livro usado, que nem gente que odeia brechó. Nem todo mundo tem que gostar de sebo, de brechó, de antiquário. Não há nada de errado nisso. Só acho ridículo falar de "vida de segunda mão". Machado de Assis, Clarice Lispector, Virginia Woolf, todos estes queridos compravam livros em sebos, então estamos em boa companhia de segunda mão, né mesmo? ;)

Sebo deve ser apreciado devagar, é tipo caça ao tesouro. Debaixo de uma pilha de livros ruins, pode  se esconder uma edição antiga, capa dura, do Oscar Wilde ou, a obra completa de Fernando Pessoa, também em capa dura, com folhinha fininha, coisa e tal, que vai te custar só 15 mocinhas republicanas.

Sebos em Fortaleza: 

Sebo do Geraldo (houve época em que foi minha segunda casa)
24 de maio, 950, Centro.

Arte&Ciência (misto de livraria e sebo)
Av 13 de maio, 2400, Benfica.

Livraria em Fortaleza:

Livraria Lua Nova (antes ficava num cantinho do Shopping Benfica, depois se mudou para um casarão antigo. Eu queria morar lá rs)
Av 13 de maio, 2861, Benfica.

Sebos no Rio:

Procurem a Rua Camões, a rua do Real Gabinete de leitura.

Livraria Rio de Janeiro:

Livraria da Travessa da Rua do Ouvidor. 

Linda. Liiinda.

Estante Virtual

O maior acervo de livros seminovos e usados do Brasil A Estante Virtual é um portal de compra e venda de livros usados e seminovos que reúne o acervo de alguns dos melhores sebos e livreiros do país.

Imagem: Shakespeare and Company, em Paris.

Bisous.


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