Fortaleza pra amar e visitar I

>> sábado, 23 de outubro de 2010


Dia desses, via tweet-tweet, a querida da Mariana pediu dicas do que havia de legal em Fortaleza, restaurantes, bares, etcetera, pois ela estava de viagem pra lá. Óbvio que me meti e falei verborragicamente sobre rs.

Dai bateu uma saudade e escrevi um monte sobre Fortaleza aqui no RQ. Teve o Del Paseo, a Dona Raquel, o Roteiro de esmaltes. Num destes posts, uma leitora fofa, Dynora, me pediu dicas sobre Fortaleza, pois está viajando pra lá também, (olha só a coincidência) agora em novembro.

E eis que surgiu em mim a vontade de deixar aqui um roteiro meu, particular, sobre o que tem de bom em Fortaleza, mais ou menos como o roteiro de Uma Paris diferente para se amar.

Óbvio que, se você não conhece a cidade, será um pouco temerário se jogar  às escuras num roteiro alternativo. Acho que isso vale para qualquer lugar do mundo. Mas acompanhado é mais legal (e seguro), né? Portanto, sempre que se planejar para uma viagem alternativa, ou seja, sem excursões e guias e ônibus do pacote turístico te levando de um lado pro outro, vá acompanhado, sempre. Todo mundo que eu conheço ou ouvi falar, mas é todo mundo mesmo, que inventou de se jogar num roteiro alternativo sozinho, se meteu em encrenca, perdeu coisas, foi assaltado, portando, cuidado!

Fortaleza é relativamente mais tranquila que outras cidades, mas ainda assim, é uma capital, em patente crescimento e tem quase todas as mazelas que um grande centro possui. Cuidado e olho vivo não fazem mal, né?

Mais um conselho: cuidado com taxistas, especialmente os de aeroportos. Pragas!

Vamos lá então.

Fortaleza não é uma cidade em que sua cultura se resgata em seus museus e correlato. Muito pelo contrário, infelizmente. A cultura de Fortaleza está onde as pessoas estão, nos aglomerados, onde as vozes se confundem, no comércio de rua que tudo se manifesta e não apenas a tal da cultura popular. Você pode pensar que em todo canto do mundo é assim, mas não é. A cultura em lugares que possuem museus, galerias de arte e coisas do gênero meio que se subdivide. Eu demorei muito pra entender isso. Teve que aparecer uma francesa da Sorbonne para me abrir os olhos para as nuanças das coisas e como identificá-las.

A coisa mais próxima de algo assim, cultura de museu e similar, é uma passeio pelo Centro Cultural Dragão do Mar. Em um lugar só encontra-se cinema, teatro, planetário, anfiteatro e nos arredores de sua estrutura, bares, boates, restaurantes e algumas galerias de artistas plásticos locais, assim como lojinhas de souvenir, (quinquinharias). O Dragão do Mar era um dos meus programas favoritos especialmente pela vista das passarelas, e ainda, porque anexo estava a biblioteca estadual e também pela delícia do Santa Clara Café Orgânico, que faz um dos melhores sanduíches da cidade (o gourmet) e tem uma delícia de cardárpio de cafés, desde o mais simples até o mais elaborado.

Outra dica, é o Chopp do Bixiga, especialmente o danado do chope de vinho e petiscos. Se você estiver na quinta-feira na cidade, no Bixiga, a pedida é experimentar os petiscos de caragueijo, tem da coxinha ao pastel, chegando nas famosas patinhas de carangueijo.

A verdade é que quinta-feira é o dia do carangueijo na cidade (como sexta e sábado são dias de feijoada aqui no Rio), é uma tradição, por conta do Chico do Carangueijo da Praia do Futuro. E o que é o Chico do Carangueijo? É uma barraca de praia modernosa, ou seja, esqueça o esquema da barraquinha bucólica. De uma certa maneira, ainda há algum romantismo das antigas barracas da orla, mas hoje em dia é uma coisa barraca com ar condicionado rs. Thiago, (maridón) acha absurdo. Aqui no Rio as barracas, quiosques na verdade, são bem rústicas. A cultura de praia daqui é bem diferente da cultura de praia de Fortaleza. Mas voltando, citei o Chico do Carangueijo, porque é uma das barracas mais antigas e prósperas, puxando consigo toda uma cultura de barracas de praia que super movimentam a badalada orla cearense, que alavancou a cultura de comer carangueijada e afins nas benditas quintas-feiras. Só não me pergunte porque diabos na quinta-feira. Eu acho que é, sei lá, pra ficar de quinta à domingo se empanturrando e enchendo a cara rs.

Vou confessar que a Chico do Carangueijo nem era a minha barraca favorita. Como eu nunca fui muito afeita a praia, somente ia alguns finais de semana pra passear com os erês, preferia uma barraca menos muvuca turística, uma coisa meio difícil na Praia do Futuro ou qualquer praia de Fortaleza. Mas, eu gostava bastante da estrutura da Crocobeach, pra ir com criança é a melhor, apesar da exploração, meu Deus do céu. Sempre saí muito pobre de lá rs. Nas barracas, fora pratos com carangueijo, o forte das comidas típicas de Fortaleza é o peixe e eu super recomendo o simplíssimo e delicioso pargo assado e de gaurnição baião de dois e macaxeira (aipim) frito. Da mesma feita, posta de cavala empanada na farinha de mandioca e frita no azeite.

Adendo: não confundir cavala com cavalinha. cavala é um bruto dum peixão de água salgada, de carne macia, suculenta e sem espinhas.

Outra coisa bem típica e bucólica é a tapioca. Você encontra tapioca em todos os lugares da cidade, inté em shoppingss. Porém, o mais recomendado e com toda uma estrutura pra visitantes é o Centro das Tapioqueiras de Messejana. Tapiocas com recheio, com muito recheio, sem nenhum recheio. Contudo, particularmente prefiro a tapioca caseira, feita sem coco, apenas a goma (polvilho) molhadinha, passada na frigideira quente e servida pegando fogo com manteiga derretida (manteiga comum, não a manteiga da terra ou de garrafa, gosto muito não rs) com um cafezinho passado no coador de pano.

Nada, em minha memória afetiva, é mais cearense do que isso. A não ser, é claro, cajuína que é uma bebida não gaseificada à base de caju e que eu não gosto ou o refrigerante de caju, que ai eu sou fã rsrs. Ir ao Ceará e não experimentar o legítimo refrigerante de caju São Geraldo é uma falta de tudo e qualquer coisa.

Fora estas comidinhas pitorescas, todo mundo sabe que o Ceará é terra de artesões incríveis. Não há como não recomendar uma passada no Mercado Central (Centro da cidade, próximo à Catedral), mas há como recomendar que você pesquise e não compre no primeiro guichê a primeira toalha de renda de fibra de coco. Tenha paciência e seja esperto, porque o povo tem uma lábia rs. É ai que mora a cultura de Fortaleza, a cultura de comércio. Preste atenção nos vestidos de algodão e renda de bilro, labirinto, nas sandálias de couro cru que alguns estilistas do Rio e de SP adouram encomendar pra suas coleções.

Da mesma feita a Emcetur (também no Centro), que funciona na antiga cadeia pública da cidade, prédio de século XIX, apesar de que não está conservado como deveria.

Nestes arredores, desde a Praça dos Correios até o Mercado Central (novo) tem uma série de lojas que vendem produtos típicos e artesanais, desde redes, cestas, doces, bebidas. É a única parte do Centro da cidade que realmente recomendo pra dar uma voltinha, mas acompanhado por alguém que saiba andar por ali.

A gente volta já com a segunda parte, um roteiro mais concentrado na Fortaleza cosmopolita.

Bisous.

Imagem: feita por meu amigão Maicon, visão do pôr do sol visto da Ponte dos Ingleses ou Ponte metálica.

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