Uma Paris diferente para se amar

>> terça-feira, 17 de junho de 2008

UPDATE: este é um texto cheio de expressões em francês. Quem não curtir, não leia, se ler, não reclama, né?

UPDATE 2: escrevi este texto para ir ao ar numa destas comunidades de site de relacionamentos (Orkut), num momento em que eu estava de saco cheio dos conselhos, no meu ponto de vista, furados em relação à viagens de lua de mel e correlato. Se você gosta de uma coisa mais livre e cultural, talvez este texto lhe seja útil, caso contrário, não leia.



Vou dividir com você  uma coisa super afetiva e particular, o meu roteiro de passeios por Paris.

Detalhe que comentei com meu amor que escreveria sobre meu roteirinho de Paris, ele me perguntou se eu iria fazer rafting, chato. Não riam.

O que pretendo e aconselho a quem aprecia, acima do mito, a cultura francesa, que encarem desta feita, como uma viagem rumo à cultura deste povo que todos julgamos conhecer em teoria, dos livros, filmes e do tempo todo que se estuda língua/cultura francesa.

Conselho: se vocês têm intenções de fazer um passeio cultural, mesmo, evitem os pacotes turísticos. Eles são bem arrumadinhos, organizados, mas os passeios guiados são, 'quelque chose d'étrange, alors' (tipo, alguma coisa de estranha)... quem conhece sabe do que falo. Isso não vale só para Paris não. Tolhem a coisa, os sentimento de estar na Cidade Luz, na terra da Revolução que mudou toda a história da civilização contemporânea, a terra de Fleubert, dos dândis, do Champagne e da Chanel.

Por exemplo, nem todo guia, ao passar pela estrutura da Sorbonne, vai te dizer que não existem mais pedras soltas desde a revolta da cinemacoteca, porque os estudantes as usavam como armas, né?

E Paris é um encanto só, desde os lugares óbvios que seria absurdo estar lá e não ir, como o Musée du Louvre, o d'Orsay até o mercado de pulgas.

Mas resistam e não fiquem só no óbvio! Permaneçam na cidade alguns dias, por conta própria, para conhecê-la mais intimamente, com calma.

Paris é dividida em arrondisements (é como se fossem bairros, grandes bairros, porém é mais complicado do que isso). Uma boa forma de conhecer a cidade, é dedicar uma manhã ou tarde a cada uma destas regiões. Caminhem e se deixem levar pelo que vier pela frente. Basta um carnet do metrô, um mapa da cidade, um mapa do metrô e pronto, vocês estão aptos para iniciar a conquista da Cidade Luz. Se você falar francês é mais bacana, se não falar preparem-se para esnobadas básicas, principalmente se tentarem se comunicar em inglês; mas nem todo francês se alimenta da Guerra dos Cem anos, viu? É que eles são muito antipáticos, é uma antipatia cultural, que para uns é frescura, para outros um charme e para mim é divertido, adoro o 'ne me touche pas modus operandi' (não me toque operandi) deles rs.

Minha meta seria, começar por Montmartre de l'Église du Sacre Coeur e de l'Amelie Poulin (Monmartre da Igreja do sagrado Coração e de Amelie Poulin). É um roteiro clássico para os mais românticos. Suba pela estreita e movimentada Rue de Steinkerque até o largo situado na base da colina. Lá você encontrará um imenso carrousel, uma paixão nacional francesa.

Mas, eu não podia deixar de sugerir o lado sul do Sena, a conhecida Rive Gauche (Lado Esquerdo).

Esta é uma região muito frequentada por estudantes e intelectuais, ou seja, o lado des pensées (dos pensadores). No início do Boulevard Saint Michel encontra-se a conhecida Fontaine Saint Michel, lugar de reunião dos turistas cansados e estudantes da faculdade Sorbonne, que eu já citei. Por lá estão dezenas de bares e cafés de rua, quase sempre lotados. Também se encontra muitas livrarias e sebos oferecendo desde obras conhecidas até curiosidades e raridades, e quem gosta de garimpar nestes estabelecimentos, como eu, tracinha se sebo, com certeza não vai se arrepender.

Ah, visitem o Jardin de Louxembourg. Particularmente acho que a maior atração não é o Senado, mas são mesmo as pessoas, que em dias de sol vão se sentar nos gramados ou em cadeirinhas metálicas, e passam horas lendo; que é um hábito típico da França, ler, em qualquer lugar.


Também é um encanto só, aos fins de semana, acompanhar uma peça do teatro de marionetes, montado ao ar livre, e que faz as crianças pularem de emoção, parece conto de fadas.

Outra curiosidade são os barquinhos de aluguel (de brinquedo) que a criançada solta no lago central do Jardin de Luxembourg, enquanto correm de um lado para outro ao longo das margens, empurrando seus barquinhos com a ajuda de longas varas de madeira.

Quando chegar a hora do almoço, vale a pena, apesar de um tanto trop cher, caro para cacete, ir até a Rue Mouffetard, com vários restaurantes, bares e mesas na calçada. Lá, no Chez Alexandre, experimente uma Soupe d´Oignon (Sopa de cebola), que é quase uma entidade da França, acompanhada de um rouge de Beaujolais (vinho). Há quem prefira um blanc, mas pela acidez do prato, o outro casa melhor.

Adendo: se você preferir as mesas das calçadas, será mais caro!


Costumo dizer que fui um pouco à Paris pelos olhos da minha amiga Isabel, que foi em turnê pelo coral da universidade à França, Alemanha e Polônia, acho que teve outro país, mas não lembro agora. Ela me trouxe uma lembrancinha de cada lugar, mal tirou fotos, e nem precisou. Ela me trouxe do sebo Shakespeare, que fica na St. Germain, na margem esquerda do Sena, uma edição francesa de contos da Kath Maisnfield (capa rosa) um tesouro, porque lá vende mais edições em inglês.

Eu realmente não acho que tenho algo a acrescentar em relação a apreciação turística de Paris, pois a vejo com olhos de estudante de lingua/cultura francesa, estudante de Arte que passaria uma semana indo às galerias do Louvre, d'Orsay, observando a feiura da Pyramide (eu a acho linda, mas os parisienses via de regra a detestam rs).


Uma lua de mel, a priori, pede romantisco medio-burguês, idealização de comédia romântica, super gostoso, mãos dadas, paisagens históricas, apenas olhar, tirar fotos em frente aos monumentos, as belas praças e fazer de conta que se está ouvindo algo que o guia fala, para quem compra pacote turístico.


A francophonie veio em minha vida madura, pela vontade de ler Victor Hugo na íntegra, daí a conhecer o espírito francês através de seus textos, seus costumes, cultura e não só Ile de France, mas l'Hexagone(apelido que os franceses dão a França, por causa do formato de hexágono), eu iria "à França", ao que mais me atrai, dos campos de lavanda da Provence à Rivière Française. Cannes, se possível na época do festival e em Paris, além dos museus, e das bibliotecas da Sorbonne, de Monmarttre de Amelie, a culinária! Provar os molhos, soupes, os pães, os queijos, as patisseries, Ladurée com tudo de mais colorido que eu pudesse provar e, porque sou ambiciosa rs,  fazer algum curso da Cordon Bleu, desses de dois dias, um dia, do chocolates e coberturas de bolos, macarons rs.

Óbvio que a gente não pode esquecer das  Galerias Lafayette, ver haute couture nas vitrines. Ver moda, afinal, é de lá que todo vem e começa. Comprar coisinhas para casa na Bouchara também é ótima pedida, fica próximo.

Comprar maquiagem em Paris é furada, muito caro, mas quem resiste em passar na Sephora de Champs-Élysées?

Outra dica, Marché aux puces (mercado de pulgas). Ir à França e não ir aos mercados de pulgas (marches aux pucces) é um sacrilégio. Dá para encontrar preciosidades de decoração, arte.

E voltando à gastronomia, os franceses gastam em média mais um absurdo (em euros) por ano para se alimentarem. Eles gastam mais, porque a qualidade dos produtos é um item essencial. Comer neste país não é uma necessidade fisiológica, é um imenso prazer. E é uma questão de cultura, e de gosto, porque é diferente da nossa, em muitos aspectos. Acho a gastronomia deles até meio selvagem e agressiva (a típica, não a de chefes, entendem? comer tutano de boi como se fosse geléia e direto no osso é meio selvagem demais pra mim), mas é magnífica, para quem aprecia boa mesa. Para quem gosta de cozinhar como eu, ver algo assim, saborear, descobrir os ingredientes, o que tem aqui, ali é todo um mundo novo e a parte.

Sonho: comer no A la Petite Chaise, perto do Musée d’Orsay, fundado em 1680 e que foi frequentado por Voltaire, Lautrec, André Gide, etc. Dá para imaginar? Depois, relaxar tomando um café no mais famoso bistrot do mundo, o Café de la Paix, em frente à Ópera ... ai de mim.

Dicas:
quer comer crepe? Rue de La Harpe, Quartier Latin.

Quer experimentar frescura, não pagar muito e se embasbacar com a magnitude da legítima Belle Époque? - Brasseries.  É que nem os botecos para os cariocas, as tapioqueiras para os cearenses, acarajé para os baianos, é folclore e cultura puro e simples. Brasseries são como instituições para os francesa, onde você pode conseguir uma refeição de boa qualidade em horários impróprios, tipo 3 da tarde ou 11 da noite, sem se preocupar em fazer reserva. A mais elegante é Boffinger - quem assiste SATC, já viu o Balthazar de NY, eles copiaram de lá! E a mais qualquer coisa: Au Pied de Cochon, em Les Halles. A decoração é super divertida. Vale pelo horário, pois funciona 24 horas e pela oportunidade de tomar soupe d´oignon na madrugada e no exato lugar onde inventaram a soupe d'oignon. Detalhe que lá era como o nosso Ceasa aqui. Peça como os franceses, ouça a Piaf para imitar o tom: Une gratinée, s’il vous plâit!

Rêve.

Un jour... só lembro das lições do Libre Echange: Un Jour à Paris. Si vous alliez à Paris, où est-ce que vous iriez et qu'est-ce que vous feriez? (Um dia em Paris, onde você iria e o que faria?)

Ah, e vinhos! Paris é uma cidade etílica, não de exageros, mas para se apreciar, que se pode encontrar vinhos bons e baratos. Há um bistrot-à-vin em cada esquina, e as caves, como a do seu restaurante mais famoso Tur d’Argent, que acumulam milhares de garrafas.

Espero que tenha valido de alguma coisa para quem me leu.


Bisous.

Imagem: Chanel chegando à sua loja.

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