A crítica
>> quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Para que fique claro, porque sei que nem todo mundo leu as explicações que estão aqui, eu não sou jornalista. O que eu poderia fazer em uma redação ou correlato, seria algo no sentido da correção, minha formação como profissional de Letras me deu uma certa habilidade para a tarefa.
Sim, eu sei que, virtualmente, não é preciso o diploma de jornalismo, comunicação social, para exercer a função de jornalista. O que acho tememário, em certa perspectiva.
Não que não seja possível que encontremos um excelente profissional atuando na área jornalística e que não tenha formação nesta área, mas sim vindo de outros campos verdejantes.
Um exemplo ótimo é a moça que ilustra este escritos, Clarice Lispector, que era advogada de formação, jornalista por sobrevivência e escritora por natureza.
Adendo: três indicações para que conheçam Clarice jornalista aqui, aqui e aqui.
Mas a gente sabe que existem casos e casos e, infelizmente, tem muita besteira escrita por ai, nos meios de comunicação e não estou falando dos blogs. Os blogs são, na minha opinião, os lugares por excelência para falarmos besteiras e as besteiras são na aura da ingenuidade dos achismos, verdadinhas absolutas estas coisas.
Em todas as profissões a gente vai se deparar com indivíduos que são casos à parte, excepcionais, aberrações, etcetera. Porém, como o que eu tenho lidado nos últimos tempos, e vão ai três anos de leitura, são os textos jornalísticos de moda, afirmo como leitorinha esforçada e nada incauta, com intrumentalização no campo da boa escrita (entenda boa escrita não como apenas a correção segundo a norma culta da língua, mas também no conteúdo, minha gente) que os textos num percentual que me assusta, são putrefatos.
Informações repetidas, conteúdo presunçoso, jorgões desinteressantes e que por vezes minimizam o entendimento da organicidade do texto (dai a putrefação, porque são organismos mortos) e isto tudo, o que é pior, direcionado não ao grande público, mas sim aos outros profissionais de moda. Quer dizer...
É o mesmo fenômeno, que me dava um profundo desgosto, que acontece na crítica literária (lá de onde eu vim rs). Um leitor leigo que pegue um livro de crítica literária entenderá patavina do que se trata ali. A academia é egoísta, o conhecimento produzido por ela é para ela. O vivente que me ler pode pensar que o povo lá quer saber de Terry Eagleton, Antonio Candido. Será mesmo que não quer? Como saber se nunca foi oferecido, né?
Da mesma feita a menina que fica namorando a vitrina de certa marca, neste shoppings da vida, e vê aquele vestido que lhe parece às vezes confuso, mas a revista tal mostrou o bendito e que segundo a publicação, tem referências étnicas do Congo, do Himalaia e que arremata com alguma informação da cultura nordestina. Né? Dai esta nossa menina fictícia pode ficar muito 'encafifada' com este negócia de "referência étnica", como assim, porque só vê franjas e uma cor que ela até gosta ou foi levada a gostar. E alguém pode pensar, que ela é burra e merece um zero, tipo a turma do Chaves.
Esta menina, minha gente, não tem obrigação alguma de saber destas coisas, muito menos de concatenar estas informações, até porque ninguém divide estas informações com ela, não é? No final das contas ela vai comprar ou não o bendito vestido com referências étnicas, a crítica escrevendo seus textos (muitas vezes maçônicos) enaltecendo ou destruindo a marca, porque isso pouco ou nada interessa ao público leitor, que é menosprezado, mas é quem tem o poder.
E a ignorância é a mãe de todos os malfazejos.
Os nossos críticos continuam escrevendo entre eles, para eles, também para agradar os estilistas ou para tentar, num conchavo que às vezes dá certo, alienar alguma marca ao menos no meio da crítica e jornalismo de moda.
Eu rezo toda véspera de fashion week tupiniquim para que algum criador desta terra brasilis faça como fez certa vez Hussein Chalayan, que simplesmente se negou a dizer qual era o tema da coleção rs.
Bisous.
Imagem: não digo rs.