Porque ler é preciso
>> sexta-feira, 4 de abril de 2008
A lista dos grandes encontros literários de uma vida, sem cronologia didática de livros e amarras de estéticas artísticas:
Camões: é arcaico, é Flor do Lácio balbuciando Horácio (procurem-no aussi). Leiam, quéridas, leiam! Leiam seus sonetos d'amor, pelo menos, se não querem embarcar nos Lusíadas.
Euclides da Cunha: ler seu Sertões é "lida dura", trabalhosa e custosa. Livro macho, desses que pegam em armas, enxadas, pena. Após sua leitura, sentimo-nos mais agrestes. Para poucos.
Pessoa: procurem sua poesia e achem-na, por favor! Pessoa é urgente para quem sabe que a vida é labiríntica.
NOTA: Não vasculhem os versos, deixem que estes os vasculhem!
T.S.Eliot: é Poeta para gente chatinha e sem superlativos. Fala profundamente raso, dentro de uma moderação opaca; nada de arrebates. Enquanto crítico, non amen, excepcional!
James Joyce: caolho filho da mãe, comedor de batatas duma égua! ADORO!!! Este é meu sentimento em relação a Ulisses, que odiei até ler, por inteiro, em viscerais duas semanas.
Flaubert: de senhouras mundanas, mocinhas idiotas, e francesada imunda! É muito rococó e semvergonhice junta para o século XIX, o mais brilhante desde sempre!
Lygia Fagundes Telles (para Cida): adoro seu nome pomposo, seu gosto por gatos e sua feminilidade amênua em prosa. Adentrem à Estrutura da Bolha de Sabão.
Clarice Lispector, (nossa Flor de Lis): é o lugar do sonho, o lugar mais difícil de se olhar.
João Guimarães Rosa (para meu amor): é o lugar mais profundo das águas barrentas do fundo dos rios. E há sempre uma terceira margem em tudo o que escreve, porque ele não parou, ele continua.
Carlos Drummond de Andrade: você traz a chave consigo?
Virginia Woolf: é um susto que se toma e nunca mais de refaz. É um arpejo, um solfejo de grito de dentro.
Elizabeth Barret Browning: apaixonada.
Emily Dinckson(também para meu amor: apaixonante...
Milton (para Jacinta, Shakespeare é inerente): o poeta sem olhos de Fuseli.
Leiam, que faz bem à alma.
Ósculo.
Imagem: As Musas.