Estudar é lonjura

>> terça-feira, 11 de setembro de 2012



Uma coisa que posso afirmar é que estudei muito na minha vida. Na verdade ainda estudo, porém sem amarrações e correntes acadêmicas, o que as vezes é bom, as vezes não. Mas é livre, e dá prazer. Coisa que gosto.

Fora os anos de escola formal, desde o jardim da infância da Medalha Milagrosa, as aulas de inglês do Ibeu, até o ensino médio no Equipe, e o cursinho no Evolutivo, o alemão da Cultura Alemã, o francês do Imparh e da universidade, até o curso de Letras, a pós em leitura e literatura e um meio mestrado errático que mandei para as cucunhas, eu estudei muito nessa minha vida.

E li muito. Li Patinho feio. Li gibi da Mônica. Li Sandman. Li Machado. Clarice. Oscar Wilde. Li os iluministas. Primeiro em português, depois em francês. Li Goethe em alemão, sofrendo muitomuitomuito com um dicionário e uma gramática e aperreando o professor Tito. Li tantos tantos tantos teóricos e estudiosos da lingüistica, da filosofia, da sociologia, da pedagogia, da psicanálise, da história da arte, do cinema, da literatura. Li besteira que me fez bem, que me fez mal. Li carta de amigo, porque sim, eu ainda escrevo e recebo cartas. Cartas também são uma forma de estudo, uma coisa meio que d'alma, sei explicar não, senhor.

Isso tudo, que é muito, mas que não uso para escorar minha intelectualidade, que na verdade exercito até na conversa com o padeiro (tipo Sartre, sabe?), me traz um sentimento meio afrancesado, do remplie de soi-même, sem falsa modéstia, que eu detesto, porque envergonhar-se de ter estudado e de poder identificar as entrelinhas é próprio dos analfabetos da vida. 

Daí que vez ou outra me ocorre de fazer um outro curso, talvez um curso rápido, desses de alguns meses. Alguma coisa bonita no EAV, tipo fotografia. Mas é tudo tão longe, física e espiritualmente. Longe, sabe como? Longe de mim, longe da verdade que pra mim é estudar, e não colecionar certificados e alongar o currículo.

Esse meu desânimo pode ser só pela lonjura física da coisa mesmo, e estou cá floreando pra mode me convencer que a saudade do curso de japonês da UECE, que ficava a cinco minutos da minha casa em Fortaleza, é mero detalhe bucólico. Fora as bogainvilles do caminho.
Inté.

Imagem: uma parte do mundo de coisas que já li.

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