Nono Círculo do Inferno

>> sexta-feira, 4 de novembro de 2011


A gente sempre se depara com umas asneiras por ai, que na maioria do tempo, a gente tenta ignorar, mas tem horas que simplesmente não dá né.

A última foi algo como um texto tentando amenizar a força destrutiva da inveja e tentando equiparar admiração e inveja, que são coisas absurdamente diferentes.

A tia Elizabete explica, vamos lá:

1. sua amiga tem um corpo garota de Ipanema, bunda e pernas definidas, barriga sem vestígios de gordurinhas e você queria muito ter a genética e força de vontade (e as vezes grana para o cirurgião plástico) para ter o corpo do mesmo jeito da sua amiga linda gata verão;

Adendo. isso não é inveja, no máximo é boicoice.

2. sua amiga passa em um concurso, em terceiro lugar por exemplo, e está super feliz , querendo compartilhar com todo mundo o que é uma vitória, mas você só consegue enxergar alguém cheia de si, que se gaba, que se acha e por quem você sente desprezo;

Alerta vermelho carne rubra Almodóvar: isso é inveja.

Inveja não é um sentimento pequeno, é um sentimento gigantesco, que se apropria da pessoa, domina, e a transforma em algo pequeno, reles, baixo, vil. De repente ninguém que tem uma unha mais comprida do que a sua presta.

Outro exemplo bobo para ilustrar é o não ter e odiar quem tem.

Repare no caso da unha comprida: há quem queira ter uma unha comprida, porque acha unha comprida bonita e só isso. Não consegue, se frustra um pouco, mas é apenas isso. E há quem olhe para uma unha comprida e só por isso deteste quem tenha, porque se não tem, ninguém pode, sabe como? Fora os poderes de, inté, conseguir quebrar a unha da fulaninha, o tal do olho ruim, que sim, existe. Especialmente para o próprio invejoso.

Apesar de ler muito Jung & cia, não sou psicóloga, mas me atrevo a afirmar que, ao menos metaforicamente, inveja é uma doença e sim mata. Mata o que a gente tem de mais importante, para quem acredita, é claro: a alma.

Imagine o quão sufocante deve ser a vida de alguém que se arrasta pelos covis de sua existência a sentir raiva dos pequenos ganhos e acertos da vida de outrem? Imagina a pessoa não se dar tempo para se reconhecer enquanto alguém que tem sim pequenos ou grandes ganhos e acertos? Pois é.

Porque todo mundo faz algo muito bem, porque todo mundo é lindo se procurar a beleza.
E, só para avisar, até na ruína há poesia, porque sempre que dou de cara com um invejoso (e como os encontro por ai) logo o vejo cercado pelo gelo do Nono Círculo do Inferno da Divina Comédia de Dante.

[...]
"Deixai toda a esperança, vós que entrais."
[...]
''É o mísero valor
daquelas almas tristes em seu choro
que foram sem infâmia e sem louvor''.[...]

Trechos da  Porta do Inferno, em que Dante e Virgílio se deparam com os escritos à beira do Aqueronte.

Imagem: Doll via Lolitas Blog.

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