Xoxos da meia noite: Beethoven me entende

>> quarta-feira, 30 de março de 2011

Hoje (ontem) mais cedo, bem cedo na verdade (porque acordo de madrugada, tipo 4, 5 da manhã), parei numa das canais de filme e estava passando Minha Amada Imortal, filme que é baseado em algumas das teorias acerca de quem seria a amada de Beethoven, a quem ele se referia nas três cartas que encontraram junto com seu testamento.

Gostei do filme, achei Gary Oldman super bem como Beethoven. Eu adouro Gary.

Mas, para além da história central do filme, sobre este amor perdido do gênio Beethoven, outras histórias se desenvolvem, como a de seu romance com uma nobre da época (Isabela Rossellini lindalindalinda), claro que música, claro que surdez e, toda a sua devoção para criar o sobrinho, sendo que já havia meio que criado o irmão, pai do menino.

Dai que fiz um monte de digressões e ligações e isso tudo me remeteu à histórias minhas, da família. Meu pai era o filho mais velho de 14 irmãos (eram 15, o mais velho morreu). Meu avô morreu jovem e meu pai ajudou a criar os irmãos mais novos, enviando o triste soldo de sargento do Exército, quando serviu aqui no Rio. Estudar, ser militar, dar aula no CM, ir pra Guerra e, ser pai dos irmãos.

Minha infância toda ficava tentando entender a cara triste e cansada que meu pai fazia, quando contava estas histórias pra mim, que realmente à época não conseguia alcançar, com todo o meu "stress" de ir à Medalha ter com a Imã Luíza ( a escola da minha infância - o horror), ir ao ballet, assistir Super Vicky, Muppet babies.

Dai eu cresci, sem meu pai que morreu comigo ainda novinha. Fiz escolhas, resolvi viver, sair, trabalhar, tudo muito cedo. Fui mãe. Parei de estudar. Nunca parei de ler. Voltei aos estudos com as crianças maiorzinhas. Todas banhadas, cheirosas à lavanda johnsons antes de que eu partisse para o cursinho. Administrar estudos de inglês, francês e alemão (sim, houve tempo que "conciliei" tudo junto e, pânico, misturado) nos horários de aulas dos pequenos. Levá-los à natação, ao médico, ao parque da lagoa do bairro, levar pra ver o mar, pro teatro de bonecos do Espaço Mix do Dragão. E eu dei aulas, e eu entrei pra universidade, perdi um monte de festinhas de dia da mães em horários ingratos.

Uma das lembranças boas era chegar cansada, após aula, após dar aula, em dia de aniversário, e ser recebida com festinha feita por eles, com direito à chuva de papel picado e bolinho, feito por eles. Acho que é por isso que quero tanto bem a mini festinhas feitas no íntimo e particular de quem te quer bem, de verdade e irremidiavelmente.



Pai, eu não fui à guerra, mas eu acho que hoje eu te entendo. E Beethoven também.

Inté.

Imagem: dia feliz e íntimo de festa, ça fait long temp (faz tempo).

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