A crítica à critica

>> domingo, 16 de janeiro de 2011


Uma das práticas da vida é refletir sobre as coisas (isso é muito salutar, super aconselha-se) várias e várias vezes até que venham as tais conclusões, mesmo que seja para concluir que nada chega a um clico fechado. É o que me acontece por experimentação.

E desde que voltei minha vida em fazeres e pensares no que diz respeito a dona moda, reflito tanto sobre ela em si, coisificada, relevante ou não e, um pouco mais até eu diria, sobre quem a analisa, as vezes com olhares muito que displicente, a tal crítica de moda.

A tal crítica de moda me parece muito falha não só em terras tupiniquins, mas aqui a gente observa um pouco demais da conta, diria, uma chuva de pessoalidades, achismos e falta de instrumentalização, conhecimento técnico que seja, sobre o que se analisa. Desta feita, é muito complicado de se levar em conta e se fazer respeitar.

Já exercitei este papel ingrato, arremedo de crítica literária que fui, alguns textos em revistas, em circulares de universidade pública e muita náusea mediante os ebós que me apareciam, meia dúzia de doutores que não valiam um vintém.

O tal exercício da crítica é ingrato. Analisar o objeto próximo e manter-se distante para que melhor proceda a análise é tarefa acre, porque o ser humano de forma pífia consegue se desvincilhar do seu eu, ego, para avaliar qualquer coisa. Tudo passa pelo filtro enganador do eu e suas preferências. Por isso que a objetividade científica pouco ou nada consegue (de objetivo) das humanas.

Contudo, apesar do caminho árido, a gente tenta, estuda, se mune da língua canônica e do discurso que faz parecer coerente segundo a crítica, afastando o máximo possível o tal do eu e, munindo-se de técnica. Em literatura, conhecendo o objeto texto literário e o que diabos vem a ser. Saber o que é uma novela, um conto, um romance é a menor das dores de cabeça, mas já é começo.

E em moda? Bem, quando a gente claramente observa que a pessoa não sabe o que é um cós, uma pala, uma prega e, só lhe ocorre o que é bom, bonito e faceiro (ou não) mediante o eu, é que a porca torce o rabo.

Não se espera que os críticos das primeiras filas saibam coser seus jeans Calvin Klein, mas entender o verbo já é alguma cousa,  desde os primórdios da humanidade.

Então, além da sensibilidade, da boa escrita (boa escrita, entenda-se, texto vivo e prenhe, para além da norma culta), do conhecimento de mundo e da cultura, conhecimento técnico é necessário para o discurso crítico, caso contrário não passará de um floreado achador.

Inté.

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