ABC do RQ: D (Desfiles)

>> domingo, 12 de setembro de 2010

Desfiles



Vou confessar que de princípio nem pensei, quando inventei de criar o ABC do RQ, em discorrer sobre o tema. Contudo, na conversa que suscitou este post e dai, de um pedido da amiga Cida, decidi incluir nos posts relacionados ao marcador ABC um só para desfile. Juro que foi coincidência que estamos na letra D rs.

Tem umas coisas que a gente, por excesso de informação ou porque é muito natural e familiar, não acha necessário explicar, né? E foi o que aconteceu com este termo, o desfile. Via de regra, todo mundo vai saber mais ou menos o que é, mas o fato é que, existem diferenças e é justamente sobre estas que a gente quer parar um pouquinho e pensar sobre.

Como já mencionei em algum lugar neste mar de quase dois mil posts, o desfile foi uma concepção do pai da Couture, Charles Frederick Worth e foi uma maneira super eficiente e interativa (olha só, que pessoinha avançada, né rs) de mostrar para as suas clientes as peças, das coleções, já vestidas em um corpo, que não um corpo imóvel de manequim, mas sim em um corpo vivinho da silva. Caminhando de um lado para o outro, era possível observar o movimento do tecido, o caimento das peças. Perfeito. 

E de lá pra cá o mote é este. Óbvio que existem desfiles e desfiles. Não dá para comparar um desfile da Victoria Secret's com um desfile conceitual do Chalayan, por exemplo. As propostas intelectuais, por assim dizer, são bem diferentes e é justamente neste ponto que queremos chegar.

A Victoria Secret's faz um mega desfile comercial, um espetáculo no sentido quase que literal do pão e circo (só que não é de graça, na verdade nem em Roma era, mas deixa pra lá). É uma coisa de mexer com os instintos, com os desejos das pessoas. Modelos esculturais, bronzeadas, uma coisa sexy, desfilando em lingeries, com asas de borboletas, de anjos, uma brincadeirinha pueril entre o sagrado e profano, que tanto mexe com as nossas cabeças e que rende consideravelmente à marca. Quase que numa totalidade, o que desfile na passarela das 'angels' a gente encontra nas lojas da marca, ou seja apresentam o que querem vender, todas as intenções estão voltadas para o sentido comercial da coisa.

Já um desfile de um criador como Chalayan tem uma proposta diferente. O desfile para este criador é o momento de expressar suas ideias, os conceitos de todo seu constructo artístico, vertido naquela coleção, por isso que a gente fala de desfile conceitual. 

Este tipo de apresentação bebe da fonte das artes conceituais, em que a apresentação do conceito criativo é bem mais importante que o resultado final da obra em si. É por isso que muitas vezes a gente, ao se deparar com certos desfiles, fica se perguntando o que diabo é aquilo. Isto se dá, porque falta o olhar treinado para apreciar a explanação da ideia pura ou porque este tipo de manifestação não é de nosso feitio e isso não é crime, é só uma maneira de ser.

Entre estes dois extremos, existem nuanças, é bom que se saiba.

E existe ainda o criador de gosto conceitual, mas que também elabora uma coleção para desfile, mais comercial, em que o conceito se mostra através dos temas, e o que será evidenciado serão as roupas e não a ideia. SPFW é fértil deste perfil rs.

Bisous.

Imagem: desfile de Hussein Chalayan.

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