O Bairrismo entre RJ e SP e as semanas de moda: medo.
>> quarta-feira, 9 de junho de 2010
Me deixaram um comentário aqui, no post sobre Alejandro, que é o tipo de comentário que, via de regra, não me agrada muito, porque não é de fato comentando sobre o que você acabou de escrever, mas sim divulgando o próprio endereço virtual rs.
Geralmente este tipo de atitude me deixa com raivinha, mas como vinha de um blog chéri das chéries Sissi e Sil, fui até os escritos indicados e ainda bem que fui, porque super valeu a leitura e que inclusive me fez digressionar sobre uma série de outras questões, que vez ou outra exponho por aqui.
A questão em voga era sobre o lugar dos blogs de moda e sua importância nos eventos de moda tupiniquins, em especial, as reclamações são dirigidas ao FR e ao SPFW, os dois maiores eventos.
A discussão é super relevante, porque os blogs constituem uma nova mídia forte e expressiva, dentre vários motivos, porque toca ao leitor de uma maneira mais pessoal. E ignorar a sua existência, menosprezar o seu alcance é uma atitude carregada de maneirismo, que infelizmente, ainda é a cara da moda. Esta empáfia que ninguém, cujo o cérebro funcione direito, entende e nem vê para que diabos serve.
Contudo, nota-se que o espaço dos blogs de moda está sendo conquistado, galgado aos poucos. Este ano na SPFW, o lounge da C&A é aberto ao público, o que para mim é muito mais bacana, porque, como digo e repito, entendo moda como um bem social.
Mas o que me deixa preocupada, mais do que o reconhecimento dos blogs de moda, para além do lugar da moda nos eventos de moda, é este sentimento bairrista entre Rio e SP e a criação de certas máscaras que camuflam a identidade de cada lugar, que não deveria ser entendido como uma paridade absoluta, já que é múltipla e sempre em mutação, como todo o organismo vivo, e a moda está viva.
Em um país multi-cultural como o Brasil, me pergunto qual a razão para querer que a moda do Rio de Janeiro mostre apenas uma cara (que remeta à praia, areia, bronze, coqueirinhos) e, em detrimento (sim) do Rio, SP tem um rosto cosmopolita da selva de pedra da 'paulicéia desvairada'.
Mil perdões, Mário de Andrade, ele que nunca interpretou o Brasil com uma cara só.
Sim, é inegável que o segmento beachwear do Rio é uma fatia deliciosa do mercado e que já rende milhões, alavancado pelo nome de Lenny Niemeyer, considerada a haute couture da beachwear, que faz uma moda praia chic, "a cara do Rio" e que nem carioca é, na verdade é santista. Irônico? Não acho, antes acredito que é este o caminho, uma moda múltipla, e que dialoga com todo um circuito e não apenas um. A moda de Lenny me faz lembrar muito mais uma mulher do mundo e que se faz sofisticada inclusive no ambiente praiano, seja Búzios, Santos, Saint-Tropez e como tal, pode desfilar também na SPFW, como a Rosa Chá.
Em termos de Rio, está cada vez mais se consolidando como a capital do beachwear e cada vez mais vestindo esta tal máscara do tal "lifestyle carioca", muita bossa, muita jinga, modinha leve, jovem e descontraída, sem maiores pretensões.
Ainda bem que temos ainda no FR o incrível pernambucano Melk Z-Da, cada vez mais conceitual e que a Acquastudio foi além, bem distante da areia e água da orla.
Esta máscara que estão colocando na moda carioca me preocupa muito, especialmente quando vejo um Rio Moda Hype sem um nome carioca e mais, quando vejo todos os talentos do estado migrarem para SP, desde jornalistas aos designers, por falta de um espaço que lhes agrade, e no final das contas me parece uma espécie de boicote, mesmo que, digamos, não seja proposital.
Acredito que os blogueiros cariocas devem continuar reclamando o seu lugar no FR e nos outros eventos de moda que lhes convidarem também, porque bairrismo é um atraso.
Contudo, acredito que devamos exigir que a moda brasileira tome o seu lugar, sem querer engavetar as coisas, isso é Rio, isso é SP e sem depreciar ninguém.
Que os talentos possam ser revelados.
Leiam:
o post do Alfinetes de Morango e o post do Futilidades.
Bisous.
Imagem: capa da Vogue Paris em homenagem a Miró. Super a ver ;)
Geralmente este tipo de atitude me deixa com raivinha, mas como vinha de um blog chéri das chéries Sissi e Sil, fui até os escritos indicados e ainda bem que fui, porque super valeu a leitura e que inclusive me fez digressionar sobre uma série de outras questões, que vez ou outra exponho por aqui.
A questão em voga era sobre o lugar dos blogs de moda e sua importância nos eventos de moda tupiniquins, em especial, as reclamações são dirigidas ao FR e ao SPFW, os dois maiores eventos.
A discussão é super relevante, porque os blogs constituem uma nova mídia forte e expressiva, dentre vários motivos, porque toca ao leitor de uma maneira mais pessoal. E ignorar a sua existência, menosprezar o seu alcance é uma atitude carregada de maneirismo, que infelizmente, ainda é a cara da moda. Esta empáfia que ninguém, cujo o cérebro funcione direito, entende e nem vê para que diabos serve.
Contudo, nota-se que o espaço dos blogs de moda está sendo conquistado, galgado aos poucos. Este ano na SPFW, o lounge da C&A é aberto ao público, o que para mim é muito mais bacana, porque, como digo e repito, entendo moda como um bem social.
Mas o que me deixa preocupada, mais do que o reconhecimento dos blogs de moda, para além do lugar da moda nos eventos de moda, é este sentimento bairrista entre Rio e SP e a criação de certas máscaras que camuflam a identidade de cada lugar, que não deveria ser entendido como uma paridade absoluta, já que é múltipla e sempre em mutação, como todo o organismo vivo, e a moda está viva.
Em um país multi-cultural como o Brasil, me pergunto qual a razão para querer que a moda do Rio de Janeiro mostre apenas uma cara (que remeta à praia, areia, bronze, coqueirinhos) e, em detrimento (sim) do Rio, SP tem um rosto cosmopolita da selva de pedra da 'paulicéia desvairada'.
Mil perdões, Mário de Andrade, ele que nunca interpretou o Brasil com uma cara só.
Sim, é inegável que o segmento beachwear do Rio é uma fatia deliciosa do mercado e que já rende milhões, alavancado pelo nome de Lenny Niemeyer, considerada a haute couture da beachwear, que faz uma moda praia chic, "a cara do Rio" e que nem carioca é, na verdade é santista. Irônico? Não acho, antes acredito que é este o caminho, uma moda múltipla, e que dialoga com todo um circuito e não apenas um. A moda de Lenny me faz lembrar muito mais uma mulher do mundo e que se faz sofisticada inclusive no ambiente praiano, seja Búzios, Santos, Saint-Tropez e como tal, pode desfilar também na SPFW, como a Rosa Chá.
Em termos de Rio, está cada vez mais se consolidando como a capital do beachwear e cada vez mais vestindo esta tal máscara do tal "lifestyle carioca", muita bossa, muita jinga, modinha leve, jovem e descontraída, sem maiores pretensões.
Ainda bem que temos ainda no FR o incrível pernambucano Melk Z-Da, cada vez mais conceitual e que a Acquastudio foi além, bem distante da areia e água da orla.
Esta máscara que estão colocando na moda carioca me preocupa muito, especialmente quando vejo um Rio Moda Hype sem um nome carioca e mais, quando vejo todos os talentos do estado migrarem para SP, desde jornalistas aos designers, por falta de um espaço que lhes agrade, e no final das contas me parece uma espécie de boicote, mesmo que, digamos, não seja proposital.
Acredito que os blogueiros cariocas devem continuar reclamando o seu lugar no FR e nos outros eventos de moda que lhes convidarem também, porque bairrismo é um atraso.
Contudo, acredito que devamos exigir que a moda brasileira tome o seu lugar, sem querer engavetar as coisas, isso é Rio, isso é SP e sem depreciar ninguém.
Que os talentos possam ser revelados.
Leiam:
o post do Alfinetes de Morango e o post do Futilidades.
Bisous.
Imagem: capa da Vogue Paris em homenagem a Miró. Super a ver ;)