O prazer do erro

Todo ariano leva umas boas cacetadas, algumas clássicas, homéricas, ou melhor, dantescas. Todo mundo passa por isso certamente, mas ariano é uma raça, que vou te contar e não é Wave do Tom Jobim. Confiar na pessoa errada quando todo mundo te avisa, mas você nem liga, porque você acredita nas pessoas e nega a dor da picada de abelha. Dizem por ai que este é o caminho da maturidade, errando para aprender por si, chega-se lá, no tal cálice sagrado, a fonte eterna de sabedoria e conhecimento de mundo abrangentes. Dai que você continua confiando nas pessoas, pois eis que você tem a tal "experiência", a "sabedoria" que a idade lhe traz. Na verdade, você está é ficando mais bobo, as pessoas não te avisam, porque você tem discernimento? Lorota. É por egoísmo mesmo. E todas as evidências te mostram que vai se repetir tudo aquilo e mais um pouco, porque desgraça só presta se for farta, não é mesmo? Mas você desiste de acreditar nas pessoas? Só que você aprende a dissimular, sua confiança, seu carinho, seu amor. Experiência é uma coisa tão bacana, né? Aprender a fingir pra viver. Sobreviver, na verdade. Mas acontece que colhe-se as consequências de um erro por boa parte da vida, as vezes, dependendo do tamanho da caquinha, a vida toda. E eis que você começa a ficar com dó quando vê outras pessoas cometendo os mesmos erros, erros novos, erros travestidos. Erros. E você quer ajudar. Ai desgraçou tudo. Esta intenção, por mais pura e santa que seja, é um demônio da vida moderna que todos, preste atenção, todos querem exorcizar. Porque, como diz aquela máxima de jerico "de boas intenções o inferno está cheio". É outra justificativa para o egoísmo. Olha, o egoísmo é muito justificável, porque é dose esse negocio de empatia, tem horas em que sua mente parece uma central tosca de ramais confusos e sua vida o ponto final dos cavaleiros do Apocalipse hé.


...