A Noiva Bailarina

>> sexta-feira, 2 de janeiro de 2009


O primeiro vislumbre de casamento, me veio muito precocemente e era algo que deveria ser como os casamentos das princesas da Disney, especialmente minha favorita Cinderella, que do lixo vai ao luxo, da abóbora à carruagem, dos pés descalços aos sapatinhos de cristal , dos trapos ao vestido feito por uma fada madrinha.

Aliás, concordo, em parte, com minha amiga Everdosa, que a Disney é responsável pelo reforçamento da idéia do mito do príncipe encantado, num cavalo branco, o nosso grande salvador. Houveram meninas que cresceram com esta ideia de príncipe, que não corresponde à realidade fora dos estúdios Disney. Muitos "príncipes" só têm aparência, mas por baixo da bela figura não passam de sapos rançosos. Já vi algumas cairem nessa...

Um pouquinho mais crescidinha, 12/13 anos, presenciei a primeira ideia do que era de fato uma festa de casamento bonita e de verdade, cheia de significados e que trago comigo até hoje, mesmo que só em lembranças.

Foi festa de gente conhecida, vizinhos. Ela era bailarina e ele professor. Eram jovens, de famílias simples, gente muito querida.A cerimônia foi numa igreja de um bairro abastado, bonita, com colunas brancas.

Ela entrou e estava lá : A Noiva Bailarina.

Parecia um quadro de Degas.Essa imagem nunca saiu da minha cabeça.Ela era alta, esguia e seu vestido, que não fora alugado, mas sim feito por sua tia, era uma Ode a beleza e a simplicidade.Sem renda, sem bordados, um corpo simples, sem mangas, cintura bem marcada e uma longa saia com camadas de tule. Nos pés, sapatilhas de balet. O cabelo preso em coque, um véu que lhe cobria o rosto e descia pelas costas até o chão. Um bouquet de orquídeas, muito conhecidas por todos na vizinhança, pois eram as orquídeas que seu avó cultivava no quintal de casa.

Não preciso dizer que foi uma emoção única, especialmente eu, que também era bailarina.

A festa foi em casa, que era modesta, mas muito receptiva, eram os melhores vizinhos.

Pediram várias mesas emprestadas e era um pouporri de estilos de todos os tipos. Toalhas brancas, banquinhos de madeira e de arranjo de mesa estavam lá as orquídeas do avô.

Tudo fora feito pela família, as comidas, o ponche; sim, teve ponche! A primeira vez que comi docinhos fondados na vida rs. O bolo feito pela tia, que também fizera o vestido; lembro-me que o achei o mais belo dos bolos. Todo branco, com trabalho de bico bem simples. De noivinhos, um bibelô antigo de porcelana. Eram bailarinos.

Para ser bem franca este foi, até hoje, o mais belo casamento que assisti pessoalmente. E que me reforça a ideia de que falta de dinheiro não implica em mal gosto.

Escolhi esta lembrança como primeira postagem do ano, para saldar o ano novo. Que seja ele, por favor, com uma generosa quantidade de coisas boas para se recordar.

Bisous.

Imagem: Degas.

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