Lembranças de carnavais

Apesar de não gostar de carnaval (não que odeie, mas decerto não amo) tenho lembranças boas dos bailinhos de carnaval nas matinês de domingo no clube do bairro da infância. Acho tão engraçado lembrar disso agora, mas esperava o carnaval com ansiedade por causa da fantasia. 

Lembro que desenhava minha fantasia, dai aperreava dias pra me levar à loja de tecido. Eu sempre queria o tecido mais errado possível, dai o moço me convencia (a fina força) e levava o certo para Terezinha costureira fazer minha fantasia que, na minha cabeça de erê, era a mais incrível e linda. 

Lembro muito bem da minha fantasia favorita, de cigana. Ao menos a cigana que eu imaginei. Dourada, com top de nosinho e saia de ponta com guizos. Minha gente. Mas foi sucesso. Fora a maquiagem que eu elaborava, a boca encarnada (vermelha) com as pálpebras carregadas de glitter (uma vez quase fiquei cega) colado com brilho labial. Ah, e tinha as estrelinhas que eu colava  nos meus quilômetros de bochechas dos cinco anos. Acho triste que não tem foto dessa marmota (tosqueira) pra me fazer rir, tipo minha foto de collant vermelho com robô Satan Ghost (Arthur/Ardon) que enfeita a entrada da casa ao lado da foto de Thiago erê, de língua de fora em seu aniversário de seis anos. Crianças arianas.

Eu adourava essa coisa de me fantasiar, acho que no fundo sempre fui muito drag queen, daquele tipo de drag que dá pinta no canto da pista, de passinho dois-dois, de leque. Dançar que é bom nada.

Bom carnaval.

Imagem: La Coloriste.