Hoje é dia de Clarice

>> sábado, 10 de dezembro de 2011


 A primeira vez que a li eu tinha 18 anos, dona da minha vida, independente, mas sim, ainda muito jovem. Haviam começado as reedições das obras de Clarice pela editora Rocco. Amei as capas com ilustrações da Flor Opazo e Carlos Scliar. Óbvio que naquela época eu não sabia, mas o amor não fica menor por conta disso.

Dai comprei o Laços de Família, um livro de contos. Depois Felicidade Clandestina, outro livro de contos. Não parei mais.

Clarice foi um dos motivos que me empurrou para o curso de Letras, para entender direitinho o que torna algo tão íntimo, tão pessoal, quanto os textos da dona Clarice, em literatura, portanto ficção. Eu já tinha em mim, veja bem, algo da crítica literária. Adendo: dizem que isso é uma espécie de doença, quando o vivente é, não tem como escapar não, a tal da crítica literária.

Mas vossas mercês sabem que fugi dela, da crítica literária e, que engraçado, por um mesmo motivo que me fez estudar as cousas da literariedade, por Clarice Lispector.

Porque consigo viver, admitir, aceitar e até compreender que Clarice não é amor para todos. Contudo, que queiram contestar o valor dos escritos claricianos para a literatura, como aconteceu comigo, em minha pífia experiência acadêmica, posso não senhor.

 Todo dia afogo a crítica que mora dentro de mim com terebintina. Parece que não morrerá, mas a quietude está ai.

Já falei foi tudo o que podia sobre Clarice aqui, em ataques de claricite, como diz minha amiga e mineira que só ela, Romina.

Já chorei e ri lendo Clarice. Já amei  e desamei um monte de coisas lendo Clarice. Amadureci, tive filho, os criei e ainda crio lendo Clarice. Ler é das coisas que deveriam ser naturais na vida de alguém e assim é para mim. Ler Clarice da mesma feita. Nem mais, nem menos afoita é a leitura clariciana, é apenas mais Clarice.

Acho que só pode ser, porque ela queria e virou o tal escrever movimento puro.

Imagem: Clarice por Bluma Wainer, Paris 1946.

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