Feira da Providência

>> segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Já estou aqui no Rio fazem quatro anos e sempre ouvi falar da Feira da Providência, que era o máximo, que era isso que era aquilo e naquela vontade de ir. Este ano deu certo e fomos. 

Nunca havia ido ao Riocentro. Pois é, desde que cheguei ainda não fui a uma Bienal - os erês foram e amaram, trouxeram livros de arte para mim e voltaram felizes e cansados.

Mas voltando.

A ideia de uma feira que reúne cultura e artesanato do mundo todo deixa o ser vivente doinhodoidinho, especialmente se o vivente em si ama coisinhas lindas de décor, quinquilharias internacionais, nacionais e regionais etcetera coisa e tal. Dai que a gente fica naquela ansiedade de ver tudo e encontrar coisas novas cujas informações são apenas a lembrança num livro de narrativas históricas, de viagem de autores, de amigos que viajam por ai. Reencontrar com o que fala a nossa identidade: artesanato, rendas e palhas do Nordeste. A Feira da Providência é tudo isso, para o bem e para o mal.

Começando que o Riocentro é longe de tudo, de todos, do mundo. Ao longo do caminho, longolongolongo, fiquei esperando a hora em que chegaríamos a Nerveland, "a segunda estrela à direita e então direto, até amanhecer" (Peter Pan). Tudo bem que existe todo um mundo complexo - e lindo, diga-se de passagem - na Região Oeste do Rio de Janeiro, inclusive um condomínio de casas brancas, de telhados brancos, encrustado na montanha verdejante em algum lugar da Ilha de Guaratiba e o sítio do Burle Marx (a gente passou por lá na volta, quando nos perdemos, vale ressaltar que tomei a decisão de morar ali, sei lá quando), mas o Riocentro é o máximo do longe, ao menos de todos com quem falo. Mas uma hora se chega ao Riocentro e a sua imensidão. Então foi adentrar e desvendar a Feira da Providência.

O Primeiro pavilhão é meio que caça-níquéis, nada de verdadeiramente interessante, diferente e exótico ou seja, que valha o esforço. O Segundo pavilhão, onde se organizam os stands de (quase) todo o Brasil e de vários países é o que interessa.

A gente ficou um pouco decepcionado com os stands desse Brasil varonil, pelo o que se conhece mais intimamente, tipo o artesanato e culinária do Nordeste. Desculpa, mas espeto de salsichão na farofa é coisa de carioca ou de nordestino que mora no Rio e perdeu as raízes. Os preços abusivos, começando na castanha de caju e terminando na toalha de fibra de coco, a gente já espera. Só não esperava o desencontro com a identidade de cada lugar. Muito pouco de cultura de verdade. Uma pena. A coisa que mais mexeu com meu coração foi uma toalha de renda de filé, colorida que só ela, que custava uma pequena fortuna a se comparar com os lençóis de seda da Índia.

Dai  a gente se desilude.

O que amei foi o acarajé, uma delícia, feito por baianas de verdade, com aquela delícia de sotaque, numa barraca enfeitada com chita colorida, Iemanjá e fitinhas de Nosso Senhor do Bonfim.

Então vem à baila os stands internacionais. Os países daquela África das zebras, dos leões, bem representada com as escultura em madeira de ébano (as mais lindas) e outras madeiras, tapeçarias, vestimentas folclóricas. 

Dai vem os países da África que a gente não conhece tão bem, tipo a Tunísia e é aquele susto lindo. Pra começar, os perfumes, a maneira mais antiga de fazer perfume, que é a essência, o extrato do aroma, sem álcool, vendido em vidrinhos de vidro soprado e detalhes em ouro. Parecem jóias, e podem chegar ao valor duma jóia mesmo. Gaiolas de décor (as mais lindas que já vi), os azulejos, as cerâmicas pintadas à mão, as flores do deserto, tudo do mais lindo da arte islâmica. E já é o delírio, porque vêm os cristais e pratarias da Turquia, os lenços, as sedas da Índia, os doces, jóias e maquiagem da Palestina, da Síria, do Irã. Fora os mimos e curiosidades da Ucrânia, tipo moedas da antiga União Soviética, as matrioskas fofinhas.

Algumas imagens para ilustrar e finalizar, porque né.

{pratos pintados a mão da Palestina}

{moeda da antiga União Soviética}

{caixinhas blingbling coloridas da Índia}

{o legítimo kajal das Arábias}

{O kajal aplicado na mão pr'ocês verem como fica - fora é claro a exibição do anel lindolindolindo de prata e rubi - uma raspa de rubi, mas juro que não ligo - do Irã, desculpa}

{perfumes da Tunísia - comprei Opium, Sândalo e Mirra, uma delicadeza - em frascos de vidro soprado e detalhes em ouro}

{doces da Síria - o mais legal é que assisti um episódio do Comidas Exóticas da Travel&Living que mostrava como estas frutas cristalizas e os outros doces da Síria são feitos, pra uma semana depois dar de cara com eles}


Bisous.

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