Little Miss Sunshine, filme bonitinho

>> quarta-feira, 30 de novembro de 2011


Não fui muito feliz na pós. Meu grupo de amigos da universidade, que se conserva quase que íntegro, marchando para uma década, é para vida toda. Mas a pós não. Nem as pequenas longas conversas com o povo de crítica feminista, o olhar do feminino e o tricot do rococó da Jane Austen da Inglaterra, da PUc Rio, da UERJ. Tudo e todos de uma antipátia quase que endêmica. Acadêmicos dos Estudos Herméticos.

Em termos de cultura é um sentir-se os arautos da cousa toda. É uma gente cheia das verdades universais, munidos da palmatoria do mundo. Um povo Sundance, ou seja, tem que ser difícil, ciníco e descrédulo. Sim, o festival e o povo.

Minha gente, claro que gosto do festival, acho o máximo, mas né. Eu me sinto antipática e pueril, que nem criança tonta com brinquedo caro de loja modernete de shopping (no meu tempo era a Poeminha, hoje é iPad) quando cito que filme tal abalou Sundance, que nem abalou Bangu. Ah, o verme da cousa indie. Mas então.

Uma vez, lá nos idos de 2007, em uma conversa animadinha com um grupo de amigos de um amigo Ray-Ban, eu diletamente com Jackie O., versão white, e todos felizes e cantantes Little Miss Sunshine, para cá, para lá. Eu que toda me sorri, porque o filme, Little Miss Sunshine, faz isso comigo, uma fofura trôpega e desengonçada me acomete, cometi a heresia, vejam bem, de declarar que: Little Miss Sunshine é um filme bonitinho.

Sabe aquele ditado tosco de que bonitinho é o filho do Pelé? Pois é, eu também nunca que entendi, sinto ao longe um racismo pudrinho (porque podrinho pra mim é coisa feia), mas o povo se irrita, e o povo indie das beiradas acadêmcias então. O ódio.

Afim de potencializar a corrosão letal do estômago da geral, via suco gástrico em abundância, eu ri ainda mais.

Little Miss Sunshine (Pequena Miss Sunshine em português, tradução sem arroubos criativos, o que é bom) é uma cousa bonitinha, que faz bem. Mesmo aquela confusão toda e a porta da kombi caindo. Vai além da fofurice sim, vai além da diversão sim, claro, mas é para fazer feliz. Porque rir e rir de si mesmo, e já disse, et ça fait long temp, Monsier Chaplin, é um dos segredos da vida.

Está lá a fórmula do filme independente, da família disfuncional em uma situação excêntrica, no tempero do gênero filme de estrada (road movie), estilo em que os americanos são os mestres. A epístola é de certa forma a coisa do perdedor, do vencedor e da aceitação, que mexe decerto com todos os esquisitos do mundo.

Mas o que fica, além dos históricos aplausos do público de Sundance, merecidos, é a beleza de se deixar ser e, ser feliz. Bonitinho demais.

Inté.

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