O xadrez e o tempo

>> sexta-feira, 20 de maio de 2011


A gente está vivendo uma época de muita informação, que é muito fácil de encontrar (google, wiki  -  eu sou do tempo da enciclopédia, dos almanaques abril, dos dicionários e confesso que ainda os uso), difícil de confirmar e que todos, por conta justamente (em parte) do excesso de informação, sabem de tudo um monte (em excesso), especialmente no mundo virtual.



Há quem se zangue (comigo) com quem sabe o nome de meia dúzia de estilistas, sabe a história de cada um, ao menos um pouco para prosear e, vejam só, até identifica de olhar um vestido Versace de um Chanel (porque é óbvio). O que lhes parece pedante, na verdade é uma questão de cuidado profissional. Já pensaram nisso? Pois bem, mas não é deste tipo de (pseudo) conhecimento especializado (chato) que falo (conhecimento similar a quem entrou no curso de letras e já havia lido toda a obra de Machado de Assis, de Alencar, de Guimarães Rosa, de Graciliano, lido um monte de filosofia etcetara coisa e tal, porque lhe pareceu natural, fora que o ser humano tinha tempo - eu).


O excesso de informação a que me refiro é, ainda, a coisa da tendência . tem que ter, que ser, tem que fazer,  bla bla bla. 

Pois muito que bem, uma das tais tendências vigentes que super me aborrece, mais do que a fatídica calça vermelha (que eu nem acho feia, é só abstrair o fator Tiririca) é a coisa do xadrez neste momento em que vivemos.

Não, eu não tenho raiva alguma do xadrex, pelo contrário, gosto bastante, apesar de  que só tenho duas peças desta feita, uma saia kilt (estilizada, criada por mim pelo único e besta motivo de que eu não encontrava em canto algum algo similar) e, uma camisa xadrez.

Que não, eu não comprei para esta temporada. Não, eu não comprei na última temporada do xadrez. Na verdade comprei em meados de 1994 (ou 1995) na época que inaugurou a C&A em Fortaleza, uma coleção meio homenageosa ao grunge, ao Nirvana, ao Kurt Cobain, meu ídolo mor da adolescência e que continua sendo um dos meus ídolos inté hoje.


 Sim, a camisa ainda está firme e forte, não caiu botão, não desbotou, não criou bolinha. O meu único problema em relação a minha camisa xadrez de estimação, além das asneiras de modinha e tendência que me obrigo a ouvir, é Thiago me chamando de lenhadora.

Então, muito que me aborrece alguém sugerir, ao me ver com minha camisa xadrez, que estou usando a modinha do momento, sendo que minha camisa tem bons 17 anos, foi comprada por uma inspiração conteudística, com referência de época e não porque a revista tal disse que é o forte da estação.

Certo que não há como deduzir toda a minha história de vida com a bendita camisa xadrez, mas realmente tem como deduzir que eu (ou qualquer outra pessoa) está a usar por conta da tendência fresquinha do momento? 

Acho que já passou da hora da geral começar a pensar em se vestir para si, respeitando a sua história e legitimando o ser único de cada um de nós.


"I will never bother you, I will never promise to, I will never follow you, I will never bother you, Never speak a word again, I will crawl away for good "

 
 Inté.

Imagens: 1. Nirvana; 2. grunge by Marc Jacobs; 3. editorial antigo das Marie Claire US; 4. editorial antigo da Vogue Nippon;  5. meu moleskine da Audrey, minha caneca de caveira Herchcovitch (porque sim eu sou uma hipster nojenta), minha camisa xadrez grunge.

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