Crônicas da casa nova: a cristaleira

>> quarta-feira, 11 de maio de 2011



Já enchi muito o saco de vocês com o assunto da nossa mudança eterna? Não? Ótemo, porque lá vem mais ladainha.

Eu nasci em uma casa de fazenda (Fazenda Primavera em Pacatuba que hoje está debaixo das águas do Açude Gaveão). Minha primeira infância foi cercada por vacas, goiabeiras, mangueiras, fogão à lenha e móveis de madeira. Fui criada por um velhão lindo, meu papai, que já caminhava para a casa dos oitenta anos. Meu pai em si era uma antiguidade. Eu nasci velha. Gosto de velharia. Fico louca em antiquários, sebos, amo radiola, máquina de escrever, Frank Sinatra, Nina Simone. O canal Viva é o bálsamo de uma vida. Mas não sou daquele tipo que odeia internet, porque né, olha eu aqui.Gosto de iPod (fui a primeria da minha turma a ter mp3 player e a última a ter celular...), redes sociais (menos o facebook, gosto daquilo não) acho tecnologia o máximo, especialmente para fazer de nossas vidas uma coisa melhor (nem sempre é assim, mas tudo bem).

Para nossa casa nova eu queria muito umas velharias lindas, móveis antigos de antiquário, mesmo que seja da velha doida do rum aqui de Por Trás dos Montes do bairro do Morro. Já contei pra vocês da velha louca do rum? É uma senhorinha que tem um antiquário aqui mesmo no bairro, com uma coleção de cristaleiras e vitrines de madeira antigas, década 1940 e 1950 e que ainda faz todo o serviço de restauro e reforma. 

Maspor que velha louca do rum? 

Porque seja a que horas a gente chegue por lá, ela sempre está com indefectível bafo de rum. Praticamente uma pirata, coisa de velha louca do rum.

Voltemos.

Encontrei lá uma cristaleira toda adornada, trabalhada que é uma beleza, o que todo mundo chama de Chipandelle (na verdade é Chipandalle), porque todo móvel antigo cheio dos rococós é Chipandalle, mas tudo bem, né? É de peroba rosa, com aqueles desenhos da própria madeira, sabe como? Ai de mim...

Está judiadinha a cristaleira, mas a senhorinha diz que reforma, enverniza, faz o espelho do fundo, faz carinho e entrega na casa nova.

Se eu dissesse que queria a cristaleira vermelha com aplicação de tecido ao invés do espelho de fundo a velha doida do rum catapluft-cairia, porque quando perguntei se ela fazia a pintura branca ela me olhou com aquela cara de 'oi minha filha, tá boa'.

Mas eu bem ficava feliz com a Chipandelle em verniz, aparecendo seu desenho da peroba rosa, harmonizando com meu teto de madeira.

(meu amor, compra nossa cristaleira de peroba rosa, vai).

Inté.

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