SPFW inverno 2011 - Fase Haten, Lino Villaventura e a falta do brilho

>> quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011


Comecei-me em digressos sobre as coleções de Fase Haten e Lino Villaventura no tweet-tweet e achei por bem trazer tais conjecturas para cá, afinal temos mais espaço por aqui.

Estava macerando o pensar em impasse sobre as coleções do Fause Haten e Villaventura, para entender algumas coisas, incluindo, e mais importante, entender as impressões como um todo.

Fause Haten é um criador incrível, sua capacidade criativa é inquietante. É daquele tipo que não se conforma com uma única área. Descobriu-se até como cantor, fora o seu trabalho para teatro. E já que chegamos ao pormenor do teatro, é decepcionante a posição de alguns dos nossos críticos em relação ao trabalho com figurino para teatro de Fause e suas coleções das semanas de moda, que óbvio sofrem influência.Tudo aos olhos destas pessoas, vozes autorizadas, que seja figurino é algo portanto negativo, quando na verdade a gente observa conceito - e figurino é o quê, né?.

Decerto sempre há comunicação entre uma coisa e outra que fazemos em campos diferentes da nossa vida.Veja por exemplo Lagerfeld, como a fotografia influencia sua visão de uma coleção e do desfile em si, sempre plástico e fotográfico.

Este tipo de pensamento em relação a desfiles mais teatrais, como os de Fause Haten, na verdade se desnudam pobres e incoerentes, haja vista que as semanas de moda devem apresentar o que há de mais impactante, criativo e diferente, as cores fortes da moda. O comercial cabe ao circuito comercial. A não ser que seja esta a intenção das semanas de moda brasileiras.

Fause Haten é criativo, chega a ser burlesco e suas criações têm uma qualidade ímpar.Porque não adianta ser criativo e oferecer porcaria. E não estamos falando de tecidos. Peguemos por exemplo a Osklen, que oferece o que há de melhor neste sentido e também em termos técnicos de modelagem e tudo o mais.

É inegável que é importantíssimo, porque a outra faceta das semanas de moda (que deveria ser a mais forte) é a questão do luxo, do alto padrão, daquele sonho antigo de chegar a se comparar com alta costura, em algum sentido ao menos. A Osklen oferece um mundo de puro cashmere e, também, um universo lugar comum, confortável, previsível. Inspirado demais naquela arrogância 'tomfordista' que cansa. Mas, Tom Ford é Tom Ford.

Voltemos.

Apesar de todas as sacudidelas bling-bling que as coleções de Fause Haten nos oferecem, desta vez não houve aquele brilho, sabe como?

Da mesma feita aconteceu com Lino Villaventura.

Mais uma coleção quase indecente de tão bem executado, em termos de modelagem e materiais. Estava lá, decerto, a identidade criativa de Lino, seu universo de esculturas em tecido, entre a nobreza dos tafetás, cetins, gazares, musselines, tudo de seda pura, dai tules, veludos aliados à simplicidade (porque já ensinou Chanel que é por ai) do jersey e de malha e de tule elástico fazendo um ciré, para drapear, plissar, bordar (que algumas pessoas teimam em associar a alguma coisa artesanal cearense, mas não é só isso) tudo o que lhe aprouver. Esculturas.

Contudo, faltou aquela coisa a mais que Lino sempre oferece.Um lugar de sonho, devaneio, loucuras existenciais, gritos, estas cousas. Faltou, por isso não houve aquele arrebate, aquele brilho que lhe é sempre comum.

Esperamos por mais.

Inté.

Imagem: Eliza Leopoldo, ilustra antiga (2006), A Salamandra.

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