Fim de ano, roupinha nova, ideias velhas
>> quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Todo o fim de ano a gente recebe uma enxurrada de informações, tanto lendo as revistas, mesmo que através dos blogs - as vezes mais através dos blogs mesmo - e muitas vezes estas informações chegam até nós sem um filtro natural, digamos assim, que chamo de bom senso.
Este ano a gente viu por ai um monte de coleção primavera e verão com muito algodão, rendas, bordadinhos delicados, quase artesanato, muito branco e variáveis tipo off white e dai os beges, tons pastel. Tudo leve e delicado como mocinha fofa, romântica, sonhadora, etcetera e tal. Estou quase ouvindo a primavera de Vivald.
Particularmente acho lindo e concordo que aquele mundo de pretos e tachas e couro estava cansando. Adendo: apesar de que também adouro.
Mas está ai uma coisa que me deixa assaz confusa, não em relação a mim mesma e minhas escolhas, mas sim em relação aos outros. Como alguém consegue ir do preto das tachas e dos couros ao, de repente, abandono de tudo isso para se evanescer em rosa pó? Pois é.
A gente nunca é uma coisa só, isso é um fato. A gente é a soma de todas as nossas experiências e quanto mais primaveras (e verões...) ganhamos, mais confiantes ficamos. Contudo, e nossas carecterísticas primevas, e o que nos identifica?
Se você ama preto, batom vinho, filme noir, por que você tem que se render ao carioca life style (isso ai que as pessoas dizem que é o carioca life style) por conta da matéria da revista ou da coleção da Maria Bonita?
Uma das coisas mais legais do mundo é gente que se interpreta, se entende, se analisa e filtra as informações do mundo: bom senso.
Acho que mais do que mensurar que todo mundo vai usar vestidão branco de algodão e rendas e pasteis, porque as lojas estão lotadinhas disso, porque são os ecos de Milão e Paris e dos nossos criadores, a gente tem que se recriar e usar o bom senso e não abandonar o que a gente é.
Pensem sobre.
Bisous.
Imagem: Martin Margiela.