Cheiros e cores do Natal
>> domingo, 21 de novembro de 2010
Uma coisa que move a minha vida é a memória afetiva e a olfativa rs. A tudo associo um carinho e um cheiro.
Quando lembro do meu papis, lembro de cheiro de pós-barba daqueles que vendiam em frascos de vidro trabalhados, com cheiro de planta, de casca de árvore, de seiva, cheiro de rede de algodão cru engomada, pijama quarado com marcela (uma erva aromática) e camisa de linho branca. Da casa em que cresci, chão encerado com cera em pasta, bolo de milho, rosa amélia, cidreira, chá de casca de laranja.
O natal desta época da minha vida tinha cheiro de galinha da roça (caipira) assada com cerveja preta, farofa de castanhas (uma herança da minha avó Ana Augusta, muito portuguesa) e a sangria carregada de canela e cravos que perfumava a casa toda.
Meu pai amava natal e eu também amo natal.
Quando ele se foi, a gente passou um tempo (longo demais) desprezando a data. Eu digo a gente, porque a casa se calou, ninguém comemorava nada, mas eu queria comemorar, porque me fazia falta e eu sei que ele não gostaria disso, da ausência das luzes, dos cheiros e das cores do natal.
Quando cresci e virei gente, como dizem, (pra mim, criança é gente sim) eu reinventei o natal de casa, aliando as lembranças antigas às minhas experiências de vida atual, revivendo um pouco meu passado de natais familiares do Ceará, com toda a imagética dos filmes típicos da época de Noel. Dai meu natal ganhou cheiro de maçã, de pêssego, de gengibre e voltou ainda com o assombro gostoso do cravo e da canela.
A partir desta semana, o blog entra na programação das festas de fim de ano, dicas, receitas entre uma coisa e outra que tenha a ver ou que nada tenha a ver, porque isto é uma bagunça anarcofashion, natalina no momento rs.
Avisando que gengibre, cravo e canela dá um chá que é uma loucura!
Bisous.