A leitura das semanas de moda: Paris, meu livro favorito
>> quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Paris começa hoje. Neste momento, começo de madrugada aqui na terra brasilis, já deve ter chérie se embonecando para ir ter com a Couture de perto ou apenas para figurar bonitinha no lado de fora dos desfiles.
As semanas de moda pra mim são como livros. Uns eu amo, outros odeio, mas a gente sempre tenta ler e a gente sempre tenta se expressar. Roupa é uma forma de expressão, como como os livros. O mendigo se protege em trapos, porque a sua realidade está escrita em trapos. Tudo é uma forma de leitura.
Quero muito que Paris me agrade, é quase uma necessidade, porque Paris é o meu livro favorito, apesar de me terem arrancado as páginas de um capítulo tão querido, quanto Lacroix. Mas o que estou percebendo em mim mesma é uma falta de paciência e uma saturação de informações que me fazem ser ainda mais chatinha do que já sou ao natural, sem estar super saturada, como costumava ser o café super saturado (de cafeína e de glicose) da cultura francesa.
A moda está dentro da gente e a gente, a nossa maneira, expressa o que a gente quer que o mundo interprete, leia, por mais que as vezes a gente não consiga interpretar à contento as informações dos outros ou as nossas mesmas, não é verdade? Que nem uma letra garranchada, uma anotação indecifrável na pressa dos dias. Não tem dia em que você se olha no espelho e pergunta porque diabos saiu daquele jeito de casa? Pois então.
Nem todo mundo é a Dello Russo com as cerejas na cabeça, né? Um conto de fadas ambulante. Apesar de que, cada um do seu jeitinho, que vão às semanas de moda ou não, tem sim suas cerejas. As cerejas de Miss Wintour são aqueles óculos escuros, inexplicáveis; não adianta falar em flashes minha gente, aqueles óculos são outra coisa.
Esperando a reedição do meu livro favorito: Paris.
Bisous.
Imagem: um maravilhoso vestido de noiva Lacroix em meio a desconstrução de Yoshio Taniguchi (MoMA).