O Vestido de Noiva, a Rainha Victoria, o branco, um pouco de história

>> quinta-feira, 5 de março de 2009



Já devo ter citado alguma vez a Rainha Victoria aqui, por todo o mito e importância desta mulher incrível. Quando comecei a me envolver na organização de casamento, por conta da minha índole curiosíssima, comecei a querer saber de todos os pormenores e, adivinhem qual me fascina mais? O vestido de noiva. Já disse para vocês, é ele a grande metáfora de tudo, é quando todos vêem a noiva que tudo se torna verdade, eis ali um casamento todo representado em cada ponto, em cada nervura, detalhe do seu vestido, que para nossa cultura herdou a cor branca.

De onde veio isso? Sobre a origem do vestido branco, em termos de datas, não há um consenso. Registros históricos dão o nome da Rainha Mary Stuart da Escócia como a primeira a usar o branco para se casar, isso no século XVI.

Mas se formos avaliar de forma mais profunda, a história do vestido de noiva está ligada à própria história do casamento, que entendo mais como uma necessidade de cumprir etapas e de erigir símbolos que o ser humano necessita. Óbvio, que tem toda uma questão nada romântica na raiz das coisas, é sempre assim, mas a necessidade de cumprir etapas me parece ser a legado mais forte. Certo que existiam e existem até hoje casamentos combinados, arranjados, por interesse político e/ou material, a história dos dotes que esteve presente entre nós ocidentais até dia desses, todo mundo sabe disso. Mas não é neste âmbito que quero entrar, mesmo que seja muito interessante até, mas meu desejo aqui é mostrar o lado das rendas, das sedas, das organzas.


No início de tudo, as tradições de casamento exigiam flores e suntuosidade nos vestido (coisa que nos acompanha até hoje), que haveriam de ser diferentes de um vestido comum, isto se falando da nobreza, realeza. As camponeses casavam-se com vestidos especiais também, mas sem luxos. As cores eram variadas, sendo que na Idade Média muito se usou o vermelho, o dourado e até o preto, pois era a cor certa para se apresentar perante o altar católico, por questões de sisudez e o que se entendia por respeito e contemplação.

Aí entram os casos peculiares, do primeiro uso do branco que, digamos, reverberou de fato, que não foi a "precursora" Mary Stuart, mas sim a jovem Maria de Médice. E foi uma espécie de rebeldia, sabiam? O branco era uma cor vetada, acredito também por remeter a certos rituais pagãos em que as sacerdotisas se vestiam de branco, mas o certo é que a rainha Maria de Médice da França, séc. XVII, que era de origem italiana, usou em seu casamento um vestido branco com detalhes em dourado, com um decote quadrado e causou um frisson danado na corte francesa, pois bateu de frente com os costumes de se usar roupas escuras, em geral preto e completamente fechadas. E ela só tinha 14 anos mal completos. Por sua pouca idade, alguns artistas da Renascença atribuíram o branco à sua pureza de quase criança.

Porém, a história mais famosa, acredito que muito por força desta figura e por toda a aura de romantismo desta história, atribui-se o vestido branco de noiva à Rainha Victoria, da Inglaterra, séc. XIX. Ela foi talvez a primeira nobre a se casar por amor, inclusive ela quem fez o pedido de casamento ao seu primo, príncipe Albert, pois como era rainha não se podia pedir sua mão. Ela escolheu um lindo e doce (eu acho) vestido e véu brancos, tendo a cabeça adornada por flores e sem coroa, o que foi completamente outsider rs.

Esta história de "soberania do amor" (que clichezão bacana), correu as cortes e de repente todas queriam imitar a Rainha Victoria, pelo menos no uso do branco e é por isso, chéries, que o branco foi instituído como a cor da noiva.

Tanto a rebelião corajosa da Rainha Maria de Médice, como a força da personalidade e do amor da Rainha Victoria são elementos que super atribuem aos nossos vestidos de noiva, herdeiros destas mulheres, uma carga afetiva riquíssima.

E temos agora uma ótima oportunidade de saber mais desta mulher incrível, pois estréia amanhã lá fora, dentre em breve por aqui, o filme The Young Victoria, que, desculpem chéries, acho bem melhor que perder tempo com Bride Wars. Pronto, falei.



Apesar de não gostar muito da inexpressiva Emily Blunt, gostei dos trailers e das imagens do filme, que, por tudo que contei aqui, por si só, já me cativa. O filme conta com o figurino da premiada Sandy Powell e está lindo! É, e tem lá a co-produção do Scorsese, ok. É que o Scorsese não me anima muito, mas tudo bem.

Bisous.

Imagens: 1- o vestido de noiva da Rainha Victoria exposto em museu; 2- imagem do filme The Young Victoria.




Postar um comentário

Salut!

As amigos que sempre vêm por aqui, é muito bom contar com a participação de vocês.

Aos que escrevem pela primeira vez, sejam bem-vindos.

Aos que preferem postar anônimo, saibam que serão liberados se:

usarem o espaço de forma sensata, porque a gente não chega na casa dos outros com libertinagem, esculhambação e nem jogando lixo.

"O Centro por toda a parte, o epicentro por parte alguma." Pascal.

Au revoir.

Related Posts with Thumbnails
Creative Commons License
Reverbera, querida! por Eliza Leopoldo está licenciada sob Licença Creative Commons Atribuição 2.5 Brasil.