Blogs, Vlogs sobre livros e coisas que me aborrecem

>> segunda-feira, 22 de julho de 2013



Faz tempo que eu queria, ou melhor, precisava escrever sobre tudo ou quase tudo que me aborrece em blogs e vlogs sobre livros. Mas eu fui me controlando, tentando reverter toda esta energia para coisas mais legais, tipo, ler, né? Mas não adiantou e cá estou eu.

Primeiramente deixa eu separar duas coisas: livros e literatura. Livro é o conjunto de folhas de papel, em branco, escritas ou impressas, em brochura ou encadernadas. É a obra organizada em páginas, manuscrita, impressa e faz algum tempo, também digital. Literatura é a ciência do literato, que é o escritor enquanto artista, ou seja, literatura é uma expressão artística (artística!). Nem todo livro é literatura. E eu não estou me referindo só a livros didáticos.

Segundo e não menos importante, quero deixar bem claro que eu não acredito, tampouco desejo, que todas as opiniões desaguem em uma voz uníssona de concordância em relação a minha. A internet é uma amostra da humanidade, que é composta de sociedades, por sua vez composta por pessoas (a priori) que por fim, são diferentes entre si. E é aí que está a graça, na diferença. E olha só que oportuno, e é por conta dessa diferença que estou aqui, para ser a voz dissonante com o discurso da maioria. 

Um dos discursos da maioria em blogs/vlogs sobre livros é que não é preciso ter conhecimento formal de literatura para dar a sua opinião sobre livros na internet, porque trata-se de um conteúdo informal, quase como uma suposta conversa sem maiores intenções do que trocar opiniões quaisquer sobre o tema. Isso para mim, Elizabete das candongas, está errado? Não, de jeito nenhum. Afinal não é essa uma das premissas da internet? Todo mundo pode (quase) tudo? O que me incomoda é o discurso da antipatia contra as pessoas que têm conteúdo formal sobre literatura e querem, vez ou outra ou sempre - afinal, a internet não é territória das livres ideias? - compartilhar ou exibir o que sabem? Muitas vezes este conhecimento foi tão treinado, que se torna intrínseco e escorre fácil em qualquer conversa. É mais ou menos como alguém que estuda muito uma língua estrangeira, ao ponto de criar uma relação afetiva com esta língua, em detrimento da sua língua materna. Um exemplo: considerar que certa frase é mais "bonita" na segunda língua que na sua própria. Na maioria das vezes pode ser mais adequado, por não haver uma tradução correlata, contudo, mais bonita é cretinice. Sim, eu já fui muito cretina.

Eu tenho formação em estudo de literatura, inclusive uma especializaçãozinha, de que me orgulho, em ensino de literatura, que me diz que posso e devo me expressar sobre literatura (e um monte de gente vai me odiar um pouco mais), especialmente para separar a expressão de um literato de um escritor comum. Contudo, eu não faço isso, porque acho equivocado e por vários motivos, que não estou a fim de elucidar por agora. Mas vez ou outra eu venho aqui e dou umas opiniões, as quais cheguei através da experiência como leitora ingênua associada a leitura treinada, especializada e crítica e eu realmente não entendo porque eu devo ser hostilizada, porque eu tenho um conhecimento técnico sobre um determinado assunto, no caso literatura e através deste conhecimento em confluência com meu gosto pessoal, confesso chato e ranzinza, acho esta coisa de livro YA (livro para Young Adults) uma porcaria, porque literatura não segue fórmula e não se encaixa. E eu poderia explicar que as escola literárias ou artísticas não forma impostas ou criadas antes dos escritos (ao menos as que valem a pena), mas não é essa a minha intenção. 

A minha intenção é só reclamar mesmo de gente que se revolta contra quem estudou algo e sente necessidade de expressar o conhecimento, porque isso é inerente. Eu concordo que vaidade intelectual é osso, mas o culto a ignorância e o festim dos leigos também é ó.

Inté.


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