Musa do dia - Rebecca (Ghost World)
>> sábado, 3 de novembro de 2012
Rebecca, de Ghost World, cínica, sagaz, ácida e um pouco menos insegura que Enid. Vive em uma pequena e ridícula cidade norte-americana no começo dos anos 90. Amiga.
Rececca e Enid acabaram de terminar a high school (colegial americano), são as melhores amigas do mundo, isso desde pequenas. O que para um adolescente é muito, mas muuuito tempo para se conhecer alguém. Se você tem amigos de infância sabe do que eu falo.
Enquanto tentam decidir o que farão de suas vidinhas, passam quase que o tempo todo criticando Deus e o mundo - e com razão e propriedade - e procurando um emprego. Ao menos Rebecca. Adouro que ela compra um liquidificador, tenho cousas com liquidificadores.
Pois então, Ghost World fala dessa maldita fase da adolescência, aquele momento que deveria definir toda a nossa vida e que é super cruel. Tudo bem, é menos radical do que aquelas tribos africanas que mandam os adolescentes tipo, matar um leão, né? Coitado do leão.
Voltando.
Seria completamente vazio se a coisa não fosse contextualizada num mundo contemporâneo, dominado pela tal cultura de massa, coisificação de tudo e todos o tempo todo. Como ser você mesmo ou, definir o que é este tal de "você mesmo", em um mundo de modismos, de coisas idênticas, de padrões a serem seguidos, em que, parece, que toda filosofia de vida já foi para alguma vitrine, óbvio que deturpada?
E a apatia mórbida de Rebecca (e Enid) perante isso tudo? Como se fossem espectros, alter-egos observando este mundo fantasma? Sensacional.
Rebecca, que odeia mudanças (Amiga), tudo que deseja é ter uma vida simples, como nos tempos do colegial, mas sem as cobranças da vida adulta. Um tanto diferente de Enid, que almeja mudança. Daí a tensão que aprofunda as duas personagens. É quase verossímil de tão absurdo.
Inté.