Saci Pereré, de uma perna só...
>> sábado, 20 de outubro de 2012
Pois é, a gente conhece o Saci das estórias da vovó, no caso estórias do Senhor Monteiro Lobato, criatura humana por quem o pessoal da geração de 22 nutria um "amor profundo". E é óbvio que estou sendo sarcástica, porque não tem como. Leiam e se informem.
Faltando um pouco mais do que dez dias para o Halloween, vou deixar por aqui a minha opinião sobre o dia do Saci.
Li Reinações de Narisinho, assisti o Sítio do Pica-Pau Amarelo, tive uma boneca Emília e fingia que ela falava comigo, e imaginava Sacis nos redemoinhos das tardes de setembro, coisas comuns à geração educada por Monteiro Lobato e Maurício de Souza. Apesar de ter crescido e descoberto que Monteiro Lobado era sim um escritor infantil maravilhoso, contudo um intelectual tacanho, para dizer o mínimo. Meus filhos leram e assistiram as aventuras do pessoal do Sítio da Dona Benta e sinto um carinho enorme por tudo isso, mas acho que instituir o dia 31 de outubro como dia do Saci, como forma de "proteger" a nossa cultura contra o Halloween, tão aviltante quanto a declaração do Senhor Monteiro Lobato acerca dos quadros de Anita Malfatti, que pereciam ter sido pintados por um rabo de burro.
As nossas criaturas fantásticas, folclóricas não estão nadanadanada ameaçadas por cestinhas de plástico em formato de abóboras que as lojas, cada vez mais, vendem nessa época do ano, quase como uma espécie de resistência, mais ou menos como houve por aqui, à época em que se pregava que rock n' roll não era música para brasileiro. Sabe aquela expressão "faca de dois gumes"? Pois é.
O Saci é nosso e sempre será. Para cada risinho de bebê que faz nascer uma fada, a primeira traquinagem de um erê brasileiro forma um redomoinho de areia, dele um Saci.
Deixem o dia 22 de agosto em paz.
Inté.